Não seja mais um!


Por Tamires Santana e Bonga Mac

Terei de desfazer dos meus posicionamentos e preferências políticas e de minhas convicções partidárias. Que me perdoem meus amigos que pediram meu apoio e me buscaram para articular neste processo.

Mas algo em mim está indigesto.

E acredito que também para grande parte da população deste país, apesar de vivermos onde se há um dos melhores processos eleitorais do mundo, com um dos sistemas eleitorais, teoricamente, totalmente seguros, rápidos e confiáveis.

Oferta. Demanda. Infinidade de escolha, conceitos, ideologias e promessas. Um mar de soluções para os seus problemas e a possibilidade de mudança na qualidade de vida.

Tudo isto com pessoas sem o mínimo de preparo possível. Pessoas apenas para preencher legenda do partido, sem entendimento de seu papel no Legislativo ou Executivo ou mesmo no poder público.

Cadê o projeto de campanha?
Qual o papel deste ou daquele candidato para uma comunidade ou gestão pública?
O que ele(a) pretende?

Geralmente as falas são confusas e nunca adequadas ou coerentes.

Deste modo, o voto anda sendo tratado como uma mercadoria para quem já está no sistema ou para aquele(a) que deseja aventurar-se nele.

Pare e pense. Há quanto tempo estamos sendo verdadeiros com cada uma destas escolhas às quais confiamos? E nem ousaremos agora citar se ao menos depois acompanhamos algo do que foi feito.
Chamo a sua atenção neste ponto de vista para analisar sobre o seu direito de escolha. O seu VERDADEIRO direito de escolha. Será que realmente estes “representantes” representam seus anseios?

Será mesmo?

O voto é, fundamentalmente, o exercício da cidadania e sua forma de contribuição para que um grupo de pessoas cuide de interesses coletivos, de uma comunidade, de um grupo, de uma cidade, de uma nação. No entanto, ele já não se justifica há muito tempo, principalmente diante os últimos fatos que observamos em nossa realidade.

Ahhh! Alguns diriam: são todos iguais; sempre vai ser a mesma coisa; não vai adiantar nada; sempre eles estarão no poder.

Será mesmo?

O cargo de representação pública pelo voto direto serve para fiscalizar, ampliar a gestão pública, mapear e solucionar os problemas existentes em um ou vários eixos. Vereadores, deputados e senadores no Legislativo e prefeitos, governadores e presidente no Executivo.

 São profissionais que nos servem e que nos prestam serviços. Profissionais que deveriam exercer um trabalho de qualidade e com absoluta responsabilidade com as contas do Estado, com o dinheiro público. Nosso dinheiro. Mas não é bem assim que acontece, não é verdade?

E o eleitor, como anda a qualidade do papel do eleitor?

Hoje percebo o quanto somos vítimas e reféns dessa máquina ou dessa engrenagem existente. Tudo que não existe é programado para não existir, certo alguém dizia. Mas também percebo que enquanto o eleitor trocar o voto por favores pessoais, brincar com o papel de cidadão e desmerecer o sangue já derramado para que hoje possa exercer de seus direitos, não será diferente do gestor público corrupto que tanto reclama.

Não seja mais um!

Quanto vale o seu voto?

Conte-me nas urnas.